10.30.2007

A Golpada

Vem aí, dizem-nos, um grande banco Português, se a fusão Millenium - BPI fôr avante.

Olhe-se para a capitalização bolsista dos dois bancos actualmente e a sua estrutura accionista. Considerem-se os termos da oferta e actualize-se os maiores accionistas do novo banco, unificado:

- Maior Accionista: La Caixa (Espanhol)
- 2º Maior Accionista: Itáu (Brasil)
- 3º Maior Accionista: Eureko (Holanda)
- 4º Maior Accionista: Grupo BPI (ou seja, Espanhol/Brasil/Alemanha, que têm mais de 50% do BPI)
- 5º Maior Accionista: Teixeira Duarte (Portugal)
- 6º Maior Accionista: Fortis Bank (Bélgica)
- 7º Maior Accionista: Allianz (Alemanha)
- 8º Maior Accionista: Santander (Espanha)

O novo banco tem fundamentais maiores que a CGD e um peso no mercado pelo menos semelhante.

Obviamente, não é igual ter accionistas nacionais (pressionáveis e "moldáveis" pelo poder político, se este o quiser) ou estrangeiros. Aliás, os ratings internacionais põem a banca nacional ACIMA dos bancos estrangeiros em eficiência e resultados, logo a patranha dos ganhos pelo know how estrangeiro caiem por terra. Obviamente os ganhos vêm do peso no mercado e do facto de apenas dois bancos (Millenium/Bpi e CGD) representarem mais de 60% de todo o mercado bancário e nalgumas áreas esse valor ser superior a 75%...

KN

10.26.2007

CAD'07 - Casa Decor

Encerrou no passado dia 21 de Outubro o CAD’07 – Casa Decor, evento que vai já na sua 14.ª Edição, que este ano, mantendo o conceito habitual, “dar vida temporária a um espaço desabitado”, residiu num antigo edifício pombalino na Rua Garrett, no Chiado em Lisboa.

O evento reuniu vários profissionais e artistas da área do imobiliário e das artes decorativas, isto é arquitectos, designers e decoradores, que apresentaram o seu trabalho criando espaços tão variados como salas, cozinhas, escritórios, quartos ou bares.

Não sendo dos eventos que considere mais atraente (todo este tipo de actividades de “andar a ver móveis” não é das coisas que mais me agrade, confesso!) fui contudo levado a crer, por uma boa companhia e um convite que me concedia uma entrada gratuita, que não se trataria de um mau programa.

Efectivamente, não foi decepcionante. O edifício é deveras lindíssimo e a exposição que no fundo se tratava do aproveitamento de cada uma das assoalhadas do mesmo estava muito bem conseguida. Os espaços são adquiridos por cada um dos criadores, que podem aproveitá-lo da forma que mais lhes aprouver. Pagos a peso de ouro – confessaram-me – exigem na maioria dos casos bons patrocinadores, que posteriormente vêem a sua marca associada ao trabalho de cada um dos artistas, sendo que nesse âmbito existiam obras bastante notáveis.

Contudo, foi o produto dos pequenos artistas que mais me surpreendeu. Espaços que a maioria dos criadores não procurou, tais como corredores, escadarias e halls deram lugar a algumas das áreas mais admiráveis da exposição, quer pela sua dificuldade decorativa – exigência da exiguidade – quer pela criatividade de alguns dos seus “donos”.

De todos os espaços, o que mais me surpreendeu foi um simples corredor a que o seu autor, um tal Henrique Ferreira, denominou El Dorado. Duas paredes correndo lado a lado, sendo que no esquerdo existe uma reentrância e duas portas e no direito outras duas portas. Algo que nenhum de nós faria num corredor lá em casa, é certo, no entanto o jovem criador produziu arte!

Tudo está pensado! O título da obra não poderia ser mais adequado. A velha lenda da cidade construída em ouro narrada pelos índios aos exploradores espanhóis na época da colonização. Com efeito, ao percorrer-se o corredor parece que nos encontramos à busca dessa mesma cidade áurea. O artista cobriu todo o espaço de dourado, sendo que a monotonia da cor é cortada por uma barra preta contínua, que evolui na diagonal, desde a entrada até à saída do espaço, parecendo com isso querer representar os negros e tortuosos caminhos que têm de ser percorridos a fim de se alcançar o mencionado sonho.

No entanto o autor parece querer dizer-nos que o El Dorado, enquanto ideal, evoluiu. Que não se resume a uma mera busca materialista de uma lendária cidade perdida. A busca do El Dorado é hoje um desafio de vida em harmonia com a natureza. A conjugação dos elementos naturais com toda a simbologia do luxo é admirável. Na pequena reentrância do lado esquerdo ouve-se o relaxante som da água – aquela que será hoje, muito provavelmente, a maior riqueza da humanidade – que corre numa miúda fonte desaguando num pequeno lago numa tulhazita negra com pedras, também elas douradas no seu interior.

Num golpe de sorte, como se tivesse atingido o El Dorado, consegui chegar à fala com o autor da obra. Henrique Ferreira é um jovem dinâmico, criativo, bem-disposto e bastante acessível. Confidenciou-me que aquele espaço não havia sido solicitado por ninguém, o que lhe permitiu participar no certame através de um convite. “O dinheiro não chega”, afirmou, enquanto declarava ter conseguido todas as tintas, bem como as peças expostas a um custo muito baixo e em lojas acessíveis a todo o público! “Aquilo que eu fiz, em termos de materiais, qualquer pessoa poderá fazer”.

O artista descreve a sua obra como sendo “uma ambiência moderna que remete para o luxuoso no que toca ao cromatismo”. A partir desse principio, adaptou o seu projecto de modo a poder utilizar elementos que já possuía mas que não destoassem da globalidade como meta, “o meu espaço consegue aliar um elemento natural, a água, a um cromatismo luxuriante e a uma solução renovadora, no que concerne em dar uma nova função à base da máquina de costura, criando uma solução para um espaço que à partida não dava para muito mais”.

O projecto não se enquadra em nenhum movimento arquitectónico ou de design “serviu sobretudo para as pessoas poderem retirar uma ideia para a base [da máquina de costura], visto muitas pessoas que por aqui passam dizerem ter uma na arrecadação há anos sem saber o que lhes fazer”, assumindo o autor claramente uma corrente utilitarista, de reutilização de materiais “digamos que há uma vertente micro e macro na obra, sendo a macro o ideal de harmonia com a natureza e a micro o ideal de reutilização numa óptica de reciclagem, tão em voga nos dias de hoje”.

Henrique Ferreira remata, dizendo que “o El Dorado é na realidade, não uma cidade lendária perdida, mas algo ao alcance de todos, o convívio com a natureza, a sua preservação e respeito”. Confidenciou ainda que era suposto existir um peixinho dourado a nadar dentro do lago, como se de um aquário se tratasse, no entanto à data do ensaio geral para a exposição o referido peixinho acabou por morrer, aparentemente vitima dos químicos contidos na tinta negra que coloria o aquário “retira certamente alguma carga simbólica à obra, e é precisamente esta mensagem que eu pretendo passar, o que não deixa de ser irónico”, atirou laconicamente o artista.
Saí da exposição satisfeito. Já disse que não é o meu estilo de coisa, mas que me deixou a pensar no assunto… isso deixou!

ACR

10.12.2007

C'a g'anda discriminação...!

Como aluno pouco interessado, que fui, no curso de direito, reconheço que sou muitas vezes ultrapassado em discussões de teor jurídico! Quando os debates entram no campo do Direito Penal, cadeira que fiz com base naquele princípio – dos poucos que aprendi – que diz que na dúvida se favorece quem se encontra a ser julgado, então a coisa torna-se realmente sofrível.

Sempre me interessei mais pela vida académica do que pelo próprio curso, confesso também que hoje me interesso mais por futeboladas do que pela porcaria das normas. Sou assim! Nasci bandalho e assim continuarei. Não podemos negar a nossa natureza. No entanto, arranjei um grande emprego num escritório bem posicionado, situado na Av. da Liberdade o que, por vezes, me permite dar agradáveis passeios depois de almoço e também dar pequenos cumprimentos, muito bonitos, às belas moças “camones” do norte da Europa que, alegremente, passam tirando as suas fotos turísticas.

Serve esta pequena inconfidência sobre a minha vida pessoal apenas para introduzir a verdadeira história que quero narrar. Hoje, quando me dirigia para o emprego deparei-me, em pleno Marquês do Pombal, com o mais recente cartaz propagandístico do PNR. Desta vez, o apelo vai para a libertação de todos os nacionalistas injustamente detidos. O argumento lógico apresentado em defesa dessa ideia passa pela comparação desses presos com aqueles que foram recentemente soltos. No fundo o que se diz é: se soltam os pedófilos, violadores, assassinos e essa escumalha toda que por ai anda também deveriam soltar a escumalha nacionalista que ficou lá dentro...

Pareceu-me válido o argumento, e como não percebo peva de direito fiquei bastante convencido. Não me interprete mal o caro leitor, sou um pacifista e defendo igualdade de direitos, logo, se soltamos uma escumalha, porque carga de água, pergunto, deve a outra ficar detida? Como, mesmo sem saber puto de leis, arranjei um excelente emprego, não tinha nada para fazer quando cheguei ao escritório e por isso decidi investigar a questão um pouco mais a fundo. Abri o meu Código Penal e embrenhei-me nos seus conteúdos. Gosto do cheiro a novo dos livros e o meu código está impoluto, a lombada nem sequer está vincada. Enquanto estudava disse-me um colega que aquele código havia sido alterado recentemente.
“ – Bolas!” – Exclamei!
“ – Comprei esta porcaria quando fiz o 4.º ano da faculdade! Então e agora?! Não há código?”

Explicou-me então o valoroso colega que o mesmo havia sido substituído por outro, e que aquela tal escumalha que tinha sido libertada foi-o, precisamente, à luz da aplicação do novo Código Penal. Sempre a aprender! Asseverou ainda o colega que, se queria o novo código poderia obtê-lo no DRE. Assim fiz, após o que me embrenhei novamente na sua leitura. Depois de o ter lido de fio a pavio fiquei menos esclarecido do que inicialmente julguei que ficaria. Confirmou-se, mais uma vez, aquela minha teoria de que isto dos livros é demasiada letra junta.

Efectivamente, não existe norma alguma no Código Penal que preveja e puna como crime o facto de ser-se nacionalista. Imediatamente pensei:
“ – Aquela escumalha está dentro sem ter praticado um crime…!”
Depois, procurei acalmar-me e raciocinar um pouco mais. Ainda bem que o fiz. Acabei por juntar o pouco que sabia sobre todo este assunto, e devo dizer que me saí muito bem, criando uma teoria muito jeitosa. Com efeito, se não é crime ser-se nacionalista, e atenta a existência do tal princípio no Direito Penal, julgo que entre outros, que manda in dúbio pró réu, aquela escumalha não poderá estar dentro só por ser nacionalista. Nenhum tribunal português o faria. Estarão, portanto, dentro por outro motivo qualquer. Assim sendo, cheguei à conclusão que não poderiam ser somente nacionalistas. Isso não leva ninguém para o “xelindró”, logo teriam ser nacionalistas e algo mais. Teriam de ser nacionalistas e burlões, ou nacionalistas e sequestradores, ou nacionalistas e difamadores ou nacionalistas e outra coisa qualquer, desde que constante do normativo do Código Penal. Nisto ocorreu-me um outro pensamento, quase pecaminoso… e se os que estão dentro forem nacionalistas e pedófilos, ou nacionalistas e violadores, ou mesmo nacionalistas e assassinos?!

“ – Eina! C’a g’anda discriminação…!”

ACR

10.11.2007

Viagens na minha terra ....

No distrito de Portalegre, a capacidade de tratamento a insuficientes renais (hemodiálise) é insuficiente para as necessidades do distrito.
Assim, 4 doentes, 3 vezes por semana, rigorosamente todas as semanas do ano, fazem diálise no .... Montijo.

Entendamo-nos:
O mais jovem tem 68 anos e o mais idoso 80.
Vêm de carrinha, 300 km para cá, fazem o tratamento que dura 3 a 4 horas e regressam para mais 300 km. 3 vezes por semana, 52 semanas por ano, um tratamento que sabem perpétuo, a não ser que surja um (altamente improvável) transplante renal.

Matematicamente, estas pessoas idosas e debilitadas fisicamente, quer pela doença, quer pela idade, fazem mais de 90.000 km por ano em viagens, ou seja, mais que uma volta ao mundo, de carrinha, de seis em seis meses!

Um dos doentes entra às 9 horas da manhã na carrinha e chega a casa depois das 8 da noite.

A câmara cedeu um terreno, há 4 anos, para o novo centro, mas o processo está envolvido em questões legais.

A Administração da Unidade de Saúde do Norte Alentejano refere que "A questão da hemodiálise é prioritária para nós".

Entretanto, os nossos F-16 vão começar, a 1 de Novembro, a patrulhar os céus da Lituânia, porque a NATO acha que a Rússia pode violar esse espaço aéreo, a Lituânia não tem F-16 e os Russos estão com muito medo de apanhar uns ases do ar Portugueses que acabem com o seu poderio aéreo.

Já deixámos há muito de ser governados por gente sem vergonha. Agora somos governados por escroques.



KN

10.06.2007

O Comboio Nazi ...

... não parou em 1944.

Continua a ser conduzido. Agora por alguns Norte-Americanos.






KN

10.02.2007

Manhãs

Mas que raio é a Av. AEP?

LM