Complex
Nota Prévia:
Sou um adepto fervoroso do "Simplex", no encurtamento da relação burocrático entre os cidadãos e o Estado, na desmaterialização de documentos, simplicidade de processos, redução de custos e (já agora) na redução dos jeitinhos e jeitos da administração pública, que fazem de nós um país de jeitosos e alimenta a pequena (e grande) corrupção e compadrio.
Por isso, dê-se o mérito a quem o merece - Dr. João Tiago Silveira.
Enquadramento
Assumi recentemente a assessoria contabilística e fiscal de uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social - em regime pro bono, ou seja, à borla). Esta instituição é apoiada em vários projectos pela Segurança Social, nas áreas de inserção na vida activa (UNIVA), apoio ao imigrante, refugiados e asilados, entre outras áreas. Como a devolução de algumas despesas apresentadas tardava, contactei os serviços da Segurança Social...
O "Complex"
Atende-me uma senhora muito simpática, exponho a questão e diz-me a senhora(adiante SS):
SS - Sabe, é que falta uma declaração em como não tem dívidas ao Estado ....
KN - Mas já entregámos isso...
SS - Mas falta a declaração em como não deve nada à Segurança Social
(tentei então corrigir a senhora, devia estar a falar em como não devíamos nada às finanças)
KN - Deve ser das Finanças ...
SS - Não, não, essa está cá. O que falta mesmo é a da Segurança Social
(comecei a ficar baralhado, confesso ...)
KN - Mas desculpe, eu estou a ligar para onde? (Queres ver que liguei para as Finanças em vez de ligar para a Segurança Social? - Bem dizia eu que 5 dias de férias não davam para nada ...)
SS - Para a Segurança Social
KN- Desculpe, mas deixe-me ver se percebi. Para receber o dinheiro da Segurança Social, preciso de provar que não devo nada às Finanças e à Segurança Social. Entrego a declaração das Finanças e os senhores não podem ver logo aí se não devo nada à Segurança Social????
SS - Pois, sabe como é ... (eu sabia como era, mas pensei que já não era ...)
KN - Mas diga-me cá uma coisa. Eu vou ao balcão da Segurança Social. Peço a declaração. Os senhores entregam-ma. Eu recebo-a e torno a devolvê-la aos senhores, é isso? E aí já me pagam?
(Nesta altura já estava a tentar não me desmanchar a rir na cara (ou na orelha, no caso) da Senhora)
SS - É isso mesmo, Depois recebe logo a dinheiro, confirmado que não deve nada à Segurança Social!
KN - Hummmm, que é para o Estado não gastar dinheiro indevidamente, não é? (Bela ironia esta. Duplica-se o trabalho público, com os devidos encargos, para não se ter encargos indevidos)
SS - Pois, deve ser isso. É que isso é com as minhas colegas.
(Desculpem, não consegui resistir mais)
Ainda hoje a Senhora deve pensar que ligou para lá um maluco a rir-se sem parar.
KN
Sou um adepto fervoroso do "Simplex", no encurtamento da relação burocrático entre os cidadãos e o Estado, na desmaterialização de documentos, simplicidade de processos, redução de custos e (já agora) na redução dos jeitinhos e jeitos da administração pública, que fazem de nós um país de jeitosos e alimenta a pequena (e grande) corrupção e compadrio.
Por isso, dê-se o mérito a quem o merece - Dr. João Tiago Silveira.
Enquadramento
Assumi recentemente a assessoria contabilística e fiscal de uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social - em regime pro bono, ou seja, à borla). Esta instituição é apoiada em vários projectos pela Segurança Social, nas áreas de inserção na vida activa (UNIVA), apoio ao imigrante, refugiados e asilados, entre outras áreas. Como a devolução de algumas despesas apresentadas tardava, contactei os serviços da Segurança Social...
O "Complex"
Atende-me uma senhora muito simpática, exponho a questão e diz-me a senhora(adiante SS):
SS - Sabe, é que falta uma declaração em como não tem dívidas ao Estado ....
KN - Mas já entregámos isso...
SS - Mas falta a declaração em como não deve nada à Segurança Social
(tentei então corrigir a senhora, devia estar a falar em como não devíamos nada às finanças)
KN - Deve ser das Finanças ...
SS - Não, não, essa está cá. O que falta mesmo é a da Segurança Social
(comecei a ficar baralhado, confesso ...)
KN - Mas desculpe, eu estou a ligar para onde? (Queres ver que liguei para as Finanças em vez de ligar para a Segurança Social? - Bem dizia eu que 5 dias de férias não davam para nada ...)
SS - Para a Segurança Social
KN- Desculpe, mas deixe-me ver se percebi. Para receber o dinheiro da Segurança Social, preciso de provar que não devo nada às Finanças e à Segurança Social. Entrego a declaração das Finanças e os senhores não podem ver logo aí se não devo nada à Segurança Social????
SS - Pois, sabe como é ... (eu sabia como era, mas pensei que já não era ...)
KN - Mas diga-me cá uma coisa. Eu vou ao balcão da Segurança Social. Peço a declaração. Os senhores entregam-ma. Eu recebo-a e torno a devolvê-la aos senhores, é isso? E aí já me pagam?
(Nesta altura já estava a tentar não me desmanchar a rir na cara (ou na orelha, no caso) da Senhora)
SS - É isso mesmo, Depois recebe logo a dinheiro, confirmado que não deve nada à Segurança Social!
KN - Hummmm, que é para o Estado não gastar dinheiro indevidamente, não é? (Bela ironia esta. Duplica-se o trabalho público, com os devidos encargos, para não se ter encargos indevidos)
SS - Pois, deve ser isso. É que isso é com as minhas colegas.
(Desculpem, não consegui resistir mais)
Ainda hoje a Senhora deve pensar que ligou para lá um maluco a rir-se sem parar.
KN
2 Comments:
É impressão minha ou isto da reprodução de conversas telefónicas começa a tornar-se um hábito neste blog?!
Atenção, que a partir de amanhã, quem, sem consentimento e com intenção de devassar a vida privada das pessoas, designadamente a intimidade da vida familiar ou sexual, interceptar, gravar, registar, utilizar, transmitir ou divulgar conversa, comunicação telefónica, mensagens de correio electrónico ou facturação detalhada é punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 240 dias.
ACR
Um verdadeiro absurdo, como muitos outros. São muitas vezes fruto de funcionários relaxados, mas sobretudo duma péssima organização e de chefes de serviço que, não poucas vezes, nem sequer os conhecem, serviço e funcionários que, supostamente, dirigem. Estas aberrações são facilmente detectáveis pelas reclamações apresentadas (espero que tenha apresentado a sua?) e ao chefe de serviço compete corrigir ou reencaminhar superiormente, consoante tenham ou não autonomia para actuar.
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