5.16.2007

Com barba ou sem barba...

Enéas Carneiro, crónico candidato à presidência da República Federativa Brasileira, fundou o Partido da Reedificação da Ordem Nacional (PRONA) concorrendo às eleições de 1989 (que deram a vitória a Collor de Melo), onde contando com um tempo de antena de apenas dezassete segundos obteve 360 mil votos e uma honrosa décima-segunda posição entre vinte e um candidatos. Para isso terá contribuído o seu discursar versátil, o seu palavreado rápido e a sua inconfundível imagem, pequeno, careca, com uns grandes óculos e uma barba farta.

Em 1994, novamente através do seu PRONA, recandidatou-se. Aos dezassete segundos de tempo de antena que já detinha acrescentou um minuto e alcançou o surpreendente resultado total de 7%, correspondente a um total de 4,6 milhões de votos.

Finalmente, na recandidatura de 1998, com um minuto e quarenta segundos de tempo de antena, não conseguiu evitar a reeleição para um segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso.

Ter-se-á recandidatado em 2006, tendo contudo desistido da corrida presidencial. Médico de profissão, foi, por doença, obrigado a desistir da corrida presidencial desse ano, dando aplicação prática àquele velho ditado que diz que em casa de ferreiro espeto de pau. Éneas Carneiro travaria maior batalha da sua vida, quando vitimado por uma pneumonia e uma leucemia.

Personagem relativamente famosa no Brasil, é, contudo, algo obscura em Portugal. Alcança alguma notoriedade no nosso país, através da indispensável internet e do seu inevitável You Tube. Certamente lembrar-se-ão dos espectaculares tempos de antena da sua candidatura à Câmara dos Deputados, em que ao som da 5.ª Sinfonia de Beethoven, Enéas Carneiro debitando várias palavras por minuto, num discurso fluente, explicava que devido à gravíssima doença que o atingira havia perdido toda a sua barba, mas não os seus ideais, a sua sinceridade e frontalidade, e que com barba ou sem barba ele era Enéas, 56 56. (Os 4 dígitos finais são atribuídos a cada um dos candidatos, para que a, infelizmente, abundante população analfabeta existente no Brasil possa exercer o seu direito de voto).

Contudo a graciosa figura, que em Portugal classificaríamos como cromo (que no Brasil redunda numa espécie de “mané”), escondia um político nacionalista de ideais extremados com forte pendor paternalista, defendendo posições tão polémicas como a entrada do Brasil no clube nuclear, a nacionalização dos recursos ou o aumento dos efectivos militares.

Morreu no passado dia 6 de Maio, derrotado pela leucemia que combatia desde o início de 2006.

No Blog Que Se Quer fica o link para um dos famosos tempos de antena do politico, para uns verem e outros reverem!

http://www.youtube.com/watch?v=pURNthiD6Zs

ACR

1 Comments:

Blogger Germano Amorim said...

Miasmas pútridos exalam dos corredores de Brasília! Porém, agora, sem o seu mais vigoroso denunciante!
Grande Enéas!
Germano

6:26 PM  

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