11.07.2006

Um grande português

O recente programa de entretenimento da RTP 1 suscitou forte polémica por da lista de sugestões de voto colocadas à disposição do espectador constar o nome de António Oliveira Salazar. Não se trata de António Oliveira somente. O Oliveirinha, que pela forma como, com a chamada geração de ouro do futebol português no seu auge, conseguiu brilhar no mundial de 2002 na Coreia e no Japão num complicado grupo (EUA, Polónia e Coreia), deveria certamente ser homenageado, ou mesmo pela forma como, quando regressado da sua aventura pelo oriente, de moletas, tentou responder à população enraivecida que o recebeu no aeroporto.

Espantado constato que não, tratava-se do velhinho presidente do conselho. Instalou-se a polémica! Dizem uns que sim! Outros que não. Deve! Não deve constar! Eu, cá para mim, tenho que sim. Deve constar! Porque não? Para aqueles que discordam e num estilo FAQ muito cibernético exibo os meus argumentos.

P - Salazar era um ditador?
R - Salazar era sobretudo um homem do seu tempo! O maior problema relativamente a essa sua faceta passa por ter obrigado um país inteiro (colónias incluídas) a aturar o “seu tempo” durante 30 anos mais do que a restante Europa ocidental. Relevando-se este pequeno pormenor até que não foi complicado viver em Portugal em meados do século passado.

P – Salazar era um bom homem?
R – Sem dúvida que sim! Era tão bom que de forma altruística absorveu para si todo o poder poupando os seus restantes compatriotas desse fardo, porque mandar é por si uma actividade potenciadora de conflitos. Salazar, um homem bom, sabia-o e por isso, qual Atlas, decidiu carregar o peso do mundo nas suas costas. Salazar era tão bom que chegou mesmo a ter o seu nome numa ponte e o mesmo nome ainda hoje é utilizado para utensílios de cozinha. De quantas mais provas de bondade precisaremos?!

P - Salazar criou uma policia política?
R - O único erro que pode ser apontado a Salazar, se é que tal se pode fazer, é o facto de este em alguns momentos se ter rodeado das pessoas erradas, o que nos leva a afirmar que foram essas más companhias que criaram a policia política e não o próprio. A minha tia Ofélia sempre disse que o meu primo Zé Manel caiu no mesmo erro quando apanhou aquela overdose... as malditas companhias!

P - Salazar impediu que Portugal entrasse na II Guerra Mundial?
R - É certo que sim. Salazar era um visionário, percebeu que Portugal sendo uma pequena nação europeia nunca seria um actor principal numa guerra mundial. Contudo além de visionário Salazar era também um homem de tradição, para ele uma guerra só era guerra se fosse à antiga... pelo menos 10 anos. Salazar como que pressentindo que a II Grande Guerra iria ficar-se aproximadamente pelos 6, optou por, rapidamente e em força, dar a Portugal a sua própria guerra, em África, de 13 anos em que fomos protagonistas principais, custando ao país cerca de 9.000 vidas e hipotecando a vida de milhares de jovens. Isto sim é que é uma guerra!

P – Salazar endireitou a economia?
R – Essa é precisamente a maior marca da passagem de Salazar pelo poder em Portugal! Salazar era tão bom economista que percebeu que Portugal como pequeno país que era acabava por ser quase do tamanho de uma qualquer casita. E como tal, geriu o país como uma boa dona de casa. Pagava as continhas e o que sobrava ia para o mealheiro. Contudo é estranho que uma pessoa que seja apresentada como bom economista tenha morrido tão pobre, tendo o nosso país permanecido..., tal como ele..., pobre! Mas eu também não percebo nada de economia...!

P – Vivia-se bem em Portugal durante o “mandato” de Salazar?
R – Durante o mandato de Salazar, Portugal era dos melhores sítios do mundo para se viver. A Industria era próspera, sobretudo a produção de lápis azuis, que sustentava muitas famílias. Mas a vida boa que se levava em Portugal não estava só relacionada com isso. Não aconteciam acidentes naturais, não havia criminalidade, não havia pobreza ou miséria, não havia excluídos e marginais e a igualdade entre os sexos era uma realidade. O índice de escolaridade era elevado e o acesso ao ensino superior era generalizado, a população, sobretudo a rural, era alfabetizada, a taxa de saneamento básico era das mais elevadas da Europa, a rede de transportes e os meios de comunicação eram altamente desenvolvidos, entre outras coisas. Depois do 25 de Abril tudo mudou! A situação piorou muito, sobretudo, desde que foram criados os dois canais privados de televisão, principais culpados de, por exemplo, o aumento de criminalidade no nosso país.

P – Salazar instituiu a censura?
R – Claro que não. Se há censores em Portugal esses são aqueles que se dizem democratas e amantes da liberdade, para depois na primeira oportunidade censurarem um nome de constar numa lista para a eleição da maior figura nacional. Salazar esse sim, era um verdadeiro democrata um homem para quem as liberdades individuais de cada um eram plenamente asseguradas, daí ter-se submetido a muitas outras eleições ao longo da sua vida, para além da que agora tanto se fala.

P – Pode afirmar-se então com propriedade que Salazar era um grande português?
R – Sim, com toda a propriedade, pelos motivos aqui apresentados e por muitos outros...

ACR

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